domingo, 26 de março de 2017

Eu não gosto da saudade!

Eu não gosto da saudade! Não gosto desse sentimento.
Não entendo quem consegue gostar, quem fala "Ah que saudade boa" pra mim saudade e o adjetivo bom, não podem estar na mesma frase, não combina. Na verdade desde muito criança entendi o que era sentir falta, e isso não me causou uma sensação boa, e foi daí que esse sentimento pra mim se tornou uma coisa negativa.


As vezes, como agora por exemplo, me da uma nostalgia de tudo que vivi, se fechar os olhos parece que estou de volta naquele exato momento, partilhando da mesma sensação acontecida. Lembro que eu me sentia o máximo com minha mochila Company e meu kit com penal, capa de agenda (tenho ate hoje), minha coleção de papéis de carta cuidada com tanto carinho, a delicia de ir na papelaria comprar, meu pequeno gradiente e todas as fitas cassete que eu ouvia, a emoção quando fiquei pré adolescente e ganhei a fita cassete do Bob Marley Legend (tenho ate hoje)  naquele tempo antes de morar sozinha e ter pagar contas, ter uma fita do Bob Marley era se sentir adulto.
Falando em fita, as VHS que alugávamos na locadora, e não podíamos esquecer de rebobinar senão pagávamos multa.

Fotografia, é outra coisa que mexe comigo, amo registrar imagens, congelar momentos, exclusivamente para depois eu conseguir me reportar com fidelidade às mesmas sensações da época. Antes nossos registros eram feitos com os filmes colocados nas máquinas fotográficas, tinham os filmes de 12, 24 ou 36 poses, ou comprávamos aquelas máquinas da Kodac descartáveis, aí não tinha erro! Só faltava revelar.

O mais próximo que tínhamos de celular era o tamagoshi, tivemos também o mirc, fotolog, e-mail do Bol, internet discada, kinder ovo de 1 real, He-man, ursinhos carinhosos, She-ra, celular Nokia, o Google era o Cadê?, Locomia, Trem da Alegria, diários, agendas, Macarena, Ragatanga, Xuxa, Comandos em Ação, Capitão Planeta, Spice Girls, Backstreet Boys, patins, Leonardo di Caprio, Titanic (grande romance que você respeita), Meu Primeiro Amor (chorei tanto)...

Até os Bullyngs na nossa época eram mais inocentes. Penso que a tecnologia (que eu amo) nos trouxe muita coisa boa, mas a crueldade das pessoas tomou uma proporção tão grande, a maldade não tem limites, antigamente os xingamentos eram, gorda(o), quatro olhos, hoje os adolescentes fazem páginas na internet com difamações muito "maduras" pra sua idade. Causam, dor, morte, e riem disso (gente é sério aonde a humanidade errou?). Pensa se hoje em dia a banheira do Gugu voltasse a ser exibida? se os chocolates com formato de cigarro fossem comercializados? Há tanta problematização que acabam esquecendo do mais simples, do cuidado com o próximo, da atenção com as pessoas, do sentimento genuíno que todos trazemos dentro de si, o amor. Ele só precisa ser exercitado, mas pode acreditar que ele está lá, dentro de ti.

Mas voltando ao foco, tem essa saudade que eu descrevi, mas a saudade que me traumatizou, a saudade pior de todas as saudades, é a ocasionada pela morte. Essa sim traumatiza, e desde muito nova, esse sentimento me aterrorizou, e me aterroriza até hoje. A pior coisa do mundo é sentir saudade de algo que não vai existir mais, que não volta mais, seja ele de coisas, de momentos, ou pessoas. Não existe sentimento bom associado a perda.
Então sabido isso, devemos aproveitar os dias, as pessoas, as coisas, por mais simples que sejam. O que tu ta fazendo hoje, agora, pode acreditar em mim, vai te fazer falta amanhã, quando tiveres outras responsabilidades, ou tiveres em outro momento da vida, isso vai te fazer lembrar e a saudade vai estar lá.

A vida é fugaz, tudo é passageiro, cabe somente a ti saber o que priorizar, o que guardar dentro de si. Porque no final das contas tudo vai deixar saudade, e isso não é nada poético.

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